Déficit atrasa perícia criminal em Rondônia
Seg, 10 de Outubro de 2011 11:52Os desafios dos peritos criminais começam com o déficit de profissionais, que acarreta em sobrecarga de trabalho. No Instituto de Criminalista (IC) são realizados diversos tipos de perícias que envolvem investigações de crime contra a vida, patrimônio e ambiental. Segundo Edson Rigoli Gonçalves, os investimentos realizados nos últimos anos em equipamentos modernos possibilitaram a melhoria do trabalho. Entretanto a escassez de peritos, infraestrutura como veículos e espaço dificultam o andamento do trabalho. “Temos um instituto hoje que é o mesmo de 25 anos atrás e o volume de trabalho cresceu muito”, diz o presidente do Sindicato dos Peritos Criminalísticos de Rondônia (Sinpec).
A quantidade de trabalho é um dos fatores limitantes à realização de um bom laudo, que leva tempo. O trabalho do perito é coletar o máximo de informações necessárias relevantes para garantir que o crime possa ser elucidado. “Quando se chega ao local do crime é como se começasse a procurar uma agulha no palheiro”, resume o diretor do IC, Fernando Santos. Ele destaca que a quantidade ideal de perícia a ser realizada por cada perito é de 25, mas que, no entanto, este total é muitas vezes realizado em até dois dias em Rondônia. Na sexta-feira, um dos peritos que estava de plantão já tinha realizado cinco perícias até às 16h.
A falta de veículos também é um entrave. “Os mais difíceis são os crimes ambientais, pois geralmente é um local distante e necessita de uma estrutura logística muito grande e por isso o laudo demora”, diz.
Outro desafio é vencer as longas distâncias. “Muitas vezes precisamos percorrer mais de 300 quilômetros para chegar ao local”, aponta Fernando Santos. A situação é ainda mais crítica nas unidades regionais, sobretudo em Jaru, Colocado D´Oeste e São Miguel do Guaporé. Segundo o presidente do Sinpec, há localidades em que existem apenas dois peritos para cobrir grandes regiões, o que gera uma situação de trabalho permanente. Um concurso para a contratação de 78 peritos criminalísticos está previsto para este ano. No entanto, a medida deve resolver parcialmente o problema, já que mais de 30 estão próximos à aposentadoria.
AMPLIAÇÃO
Em todos os ambientes do Instituto há produtos a serem periciados, por falta de um depósito específico. Armas de fogo, veículos, pneus e até bicicletas aguardam definição. Os veículos a serem periciados aguardam do lado de fora do prédio, sujeitos a roubo e ação do tempo. “Temos equipamentos que garantem a eficiência do trabalho, mas a estrutura física está inadequada”, destaca Edson. O diretor do instituto afirmou que está previsto para 2012 uma ampliação do instituto que deve ser realizada com recursos do BNDES, e deve ser construída na área ao lado da atual sede.
EMPENHO
Exames balísticos, em que se avalia a eficiência de armas de fogo são desenvolvidos com o auxílio de equipamentos modernos que permitem a comparação de projétil que atingiu a vítima com a suposta arma apreendida. Ainda que o equipamento seja moderno, não há estande de tiro e os disparos são realizados em uma caixa com algodão, o que não traz prejuízo para o resultado, mas que poderia ser aperfeiçoado.
Na seção de papiloscopia os exames produzidos têm por objetivo detectar vestígios de substâncias como sangue, urina, sêmen, que não são vistos a olho nu. Para tanto, o perito carrega uma maleta forense, equipada com diversos tipos de lanternas específicas, óculos e substâncias para detectar a presença destes. Mas ainda que a tecnologia disponível seja eficiente, os peritos encontram grandes dificuldades por conta das alterações na cena do crime, que geralmente são produzidas.
A seção grafodocumentoscopia avalia autenticidade de documentos, assinaturas, mercadorias apreendidas em operações. No setor também são avaliadas, por exemplo, vozes em ameaças telefônicas.
Um dos casos mais recentes que envolveu muito tempo de investigação foi a morte da ex-empregada doméstica Rosana de Oliveira Ramos, que caiu do segundo andar de um edifício em Porto Velho. Através de análises papiloscópicas, em que detectou as impressões digitais, e utilizou a substância Luminol, que é capaz de identificar a presença de sangue onde não é possível ver a olho nu, ainda que tenha havido limpeza do local. Foram três dias de perícia e a conclusão foi a de que Rosana caiu acidentalmente do prédio, o que se comprovou com as marcas das mãos dela em uma tentativa de fugir pela varanda. Com isso, a polícia descartou a possibilidade de homicídio.