4 de Julho de 2011
O Instituto de Polícia Científica da Paraíba (IPC) está entre os órgãos de seis estados brasileiros que vão integrar um banco de dados de perfis genéticos - o Codis (Combined DNA Index System). O software foi desenvolvido pelo FBI (Federal Bureau of Investigation) - escritório de investigação norte-americano – e é usado por outros 30 países. O sistema é o mesmo mostrado na série americana ‘CSI: Crime Scene Investigation’, que mostra o dia a dia dos peritos criminais.
O Codis ainda está na fase inicial, mas quando for ‘ativado’ vai permitir que o material genético coletado em uma cena de crime seja armazenado e acessado por outros laboratórios de DNA do país. Ou seja, a tecnologia vai interligar as informações armazenadas pelos laboratórios de DNA dos estados do Amazonas, Amapá, Ceará, Mato Grosso, Paraná e da Paraíba. Com isso, a Polícia Federal, órgão que vai administrar o software, poderá rastrear se um mesmo criminoso praticou algum delito em outras regiões.
“O Codis vai permitir um intercâmbio entre os estados”, frisou a gerente operacional de Análise de DNA do IPC, Carmem Leda Gambarra. “Por exemplo, um indivíduo comete um crime sexual na Paraíba e foge para o Rio de Janeiro. O material genético que ele deixou na cena do crime será coletado. No laboratório de DNA, o perito vai levantar um perfil genético do suspeito e armazenar as informações colhidas dentro do banco de dados, para que elas possam ser usadas e comparadas por outros peritos, em outros estados”, explicou a especialista.
O Codis vai funcionar para o laboratório de DNA da mesma forma que o sistema wavelet é usado pelo setor de Papiloscopia – que gerencia, entre outras coisas, o banco de dados com imagens de impressões digitais. Este último permite que o perito tenha acesso a uma série de digitais que mais se aproxima com aquela que ele está procurando. “No nosso caso, qualquer amostra de material biológico vai servir para fazer a comparação: cabelo com bulbo [raiz capilar], pele, tecido, sangue, ossos, dentes ou qualquer outra amostra que contenha material genético”, revelou Gambarra.
A tecnologia ainda está em fase inicial em todo o Brasil. Em 2009, os seis estados assinaram o acordo de cooperação técnica para o uso do banco de dados com o Ministério da Justiça, durante a reunião do Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp). O FBI permitiu a utilização do soft-ware sem custos para o Brasil.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, somente os estados do Amazonas, Amapá, Ceará, Mato Grosso, Paraná e Paraíba estão integrados no banco de dados de perfis genéticos. Para a especialista, quando começar a funcionar, a tecnologia vai ajudar muito o trabalho dos peritos. “Porque há estudos que comprovam que muitos criminosos realizam delitos, fogem para outros estados e continuam praticando esses mesmos crimes em outros lugares. Com o Codis será possível interligar crimes praticados por um mesmo indivíduo e indiciá-lo por todos os delitos que ele cometeu”, concluiu.
IPC está com equipamentos de ponta
O diretor do Instituto de Polícia Científica da Paraíba (IPC), Humberto Pontes, afirmou que no que diz respeito à tecnologia, o IPC está em um patamar privilegiado quando comparado a outros estados nordestinos.
Este ano novos equipamentos de última geração foram adquiridos e, inclusive, foi implantado um novo laboratório – o de Análise Instrumental Toxicologia Forense que, entre outras coisas, realiza exames de quantificação de etanol no sangue (alcoolemia) em motoristas.
A única “sombra negra” do IPC é o prédio, que fica localizado no bairro do Cristo, em João Pessoa, e está com problemas na estrutura física.
Recentemente, o IPC recebeu 20 novas maletas que contêm objetos de proteção individual e equipamentos que auxiliam o trabalho dos peritos na cena do crime.
Os kits são compostos por máscaras, óculos, luvas, quatro tipos de luzes forenses (para identificar substâncias que não são visíveis a olho nu), câmeras digitais, equipamentos de medição eletrônicos e notebooks.
“Na semana que vem, uma perita de São Paulo vem à Paraíba para orientar nossos peritos sobre o manuseio de alguns itens”, informou Pontes. As maletas serão distribuídas pelos Laboratórios de Criminalística de João Pessoa, Campina Grande e Patos.
Na última quarta-feira, o Laboratório de Balística recebeu um novo microcomparador balístico da marca alemã ‘Leica FSM’, com tecnologia de ponta nas perícias de balística forense.
O aparelho foi obtido por meio do convênio entre a Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social (Seds) e o Ministério da Justiça (MJ). “É um dos mais modernos que nós temos no país”, frisou o chefe do Laboratório de Balística Forense, Agnaldo Medeiros, sobre a qualidade do aparelho.
O microcomparador balístico é capaz de ampliar imagens de vestígios coletados durante as perícias criminais e reduz significativamente o tempo de realização de análise.
Redação