O “desmembrador de Montréal” é um ser “desviante e torturado”
Luka Rocco Magnotta, actualmente conhecido na imprensa como o “desmembrador de Montréal”, apresentava-se como um ser “desviante e torturado”. O crime que é suspeito de ter cometido deixa antever um criminoso cruel e sádico.
Presume-se que tenha sido depois de adoptar a identidade de Luka Rocco Magnotta que resolveu cortar com todos os laços familiares. A mãe do alegado assassino, Anna Yourkin - que actualmente vive na localidade de Peterborough, a norte de Toronto - não quis prestar quaisquer declarações ao jornal canadiano “La Presse”.
Os actuais vizinhos de Magnotta, em Montréal, descrevem-no como uma pessoa sozinha. “Ele era verdadeiramente solitário, talvez mesmo anti-social”, indicou ao canal canadiano TVA Nouvelles o vizinho Richard Peyette. “De cada vez que eu lhe dizia bom dia, ele nem sequer fazia um gesto de cabeça. Era como se falasse para uma parede”, indicou o mesmo vizinho.
Magnotta, de 29 anos, vivia à base de pequenos biscates ligados à indústria do sexo: strip-tease, trabalhos como modelo e filmes pornográficos.
De acordo com os media canadianos, Luka Rocco Magnotta terá uma personalidade narcísica e deixou online um rasto de sites pessoais, blogues e presenças em redes sociais que denunciam a sua personalidade bizarra. Em muitas passagens fica evidente que o homem sofria de perturbações, como demonstra esta frase escrita num dos seus blogues que entretanto foi desactivado: “Em 2003 descobri o corpo mumificado de um homem num cofre. Quis trazê-lo para casa”, relata o TVA Nouvelles. “Tenho uma atracção pelos mortos e não tenho vergonha disso”, escreveu ainda o suspeito.
O suspeito chegou a concorrer, em 2007, a um reality show chamado “CoverGuy” e que tinha o objectivo de seleccionar novos modelos masculinos. Num vídeo recuperado pelo jornal canadiano “La Presse”, o homem apresentou-se diante do painel de jurados em trono nu e afirmando que muitas pessoas o consideram “terrivelmente bonito”. O júri discordou e não o seleccionou para participar no programa.
Em Dezembro de 2010, os internautas denunciaram como sendo de Magnotta a autoria de um vídeo colocado no YouTube no qual mata asfixiados dois pequenos gatos. Num outro vídeo, o “assassino sádico de Montréal" - como também tem vindo a ser apelidado pelos media canadianos - oferece um pequeno gato a uma pitão.
Mas o pior estava para vir quando, em finais de Maio, Magnotta colocou online o vídeo em que é possível ver o macabro crime que deu origem a tudo isto. A este tipo de vídeos em que se assiste à morte de uma pessoa dá-se o nome de snuff film. Após o assassinato, Magnotta desmembra o corpo do estudante chinês e, de acordo com relatos dos media canadianos, pratica necrofilia com o corpo e come partes do cadáver.
Segundo declarações de um especialista em psicologia forense, Hubert Van Gijseghem, à TVA Nouvelles, este comportamento poderá indicar que estamos na presença de um “psicopata, sádico ou então alguém como uma grave estrutura perversa”.
Para o psiquiatra Gilles Chamberland, do hospital do Sagrado Coração, em Montréal, o suspeito deverá estar “orgulhoso do que fez” e que, por isso mesmo, poderá reincidir.
Foi precisamente esse orgulho e essa auto-obsessão que fez com que Magnotta se dirigisse ao cibercafé berlinense onde acabou por ser detido. A sua intenção era ver qual o seu grau de popularidade online depois de ser procurado internacionalmente pela Interpol, indica o “Toronto Sun” num editorial online.