Violência sexual é maior em três cidades da Baixada
Segundo o ISP, Nova Iguaçu, Nilópolis e Mesquita concentram 11% dos casos no estado
A explicação para o aumento de casos, segundo o ISP, pode estar na facilidade que as vítimas dessas cidades encontram em registrar o crime.
Arte: O Dia
“Nesta região são três Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (Deam). É um fator que facilita o registro”, ponderou Cláudia Moraes, uma das autoras do Dossiê Mulher, publicação do ISP, e analista criminal.Para Jaqueline Ferreira Lopes, professora de Psicologia Forense da Uerj, a explicação pode passar pela condição social.
“Populações de renda mais baixa tendem a registrar mais, porque os locais em que são atendidas fazem o encaminhamento. Em bairros de classe mais alta, as vítimas procuram clínicas particulares, e os médicos nem sempre procuram a polícia”, disse.
Para amenizar o problema, na opinião da secretária de Cidadania e Direitos Humanos de Nilópolis, Nilcéa Clara Cardoso, é preciso maior empenho das autoridades na prevenção:
“Este é um problema que vem incomodando. Temos ouvido fortes apelos por parte das vítimas para que se ofereça maior proteção e orientação por parte do Estado”.
Entre as três áreas recordistas, a delegacia da Posse (58ª DP), em Nova Iguaçu, foi a que concentrou o maior número de estupros. Entre janeiro e outubro de 2010, foram 145 casos, enquanto no mesmo período no ano passado ocorreram 173 casos.
Vítima localiza algoz e ajuda a prendê-lo
Em Jacarepaguá, região em que os casos de estupro diminuíram nos últimos meses, uma vítima ajudou a polícia a prender o agressor.
Moradora da Gardênia Azul, ela voltava do trabalho quando foi levada para prédio abandonado. Câmeras de estabelecimentos registraram o ataque. A moça correu atrás das imagens, achou o suposto algoz e acionou a polícia. João Antônio Mateus de Oliveira, 20, foi preso.
Delegado da 32ª DP (Taquara), Antônio Ricardo pede que vítimas procurem a delegacia, caso tenham sido vítimas dele.
Menores de idade são alvos preferidos
O problema do estupro no estado é ainda mais alarmante quando se analisa o perfil das vítimas. De acordo com a analista do ISP Cláudia Moraes, 60% dos crimes ocorrem contra crianças e adolescentes.
“Constatamos este perfil em toda a série histórica, desde 2002. Entre as crianças e adolescentes, 80,5% eram meninas e a maior parte dos agressores eram pessoas do convívio familiar das vítimas”, aponta a pesquisadora.
Já os agressores, ainda de acordo com o ISP, são homens entre 17 e 65 anos.
Na opinião da professora Jaqueline Ferreira Lopes, na maioria dos casos, quem estupra quer mostrar poder em relação à vítima.
“A criança deve ser estimulada a contar sobre o abuso para alguém da confiança dela. Se o agressor estiver dentro da família, o apoio da mãe é fundamental. E ela deve procurar ajuda da polícia para afastar o agressor do lar, do ambiente de convívio”, orienta ela, que também é sexóloga e leciona psicologia forense na Pós-Graduação em Direito Especial da Criança e do Adolescente na Uerj.
Para as possíveis vítimas adultas, atitudes como ‘olhar o agressor nos olhos’ e não se sentir inferiorizada diante dele são importantes para evitar o crime. “Estes são grandes passos. Ao estuprar, o agressor tenta mostrar poder, autoridade”, diz.
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