sábado, 17 de dezembro de 2011
Grupo de Inteligência no Combate ao crime
Sexta-feira, 16/12/2011, 01h26
Foi ainda sob o impacto da chacina de seis adolescentes em Icoaraci, distrito de Belém, que a Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup) anunciou o surgimento do embrião do novo grupo especial da polícia. O caso ocorrido no dia 19 de novembro teve repercussão nacional pela crueldade: o grupo de jovens entre 14 e 16 anos foi rendido por dois homens encapuzados e abatidos a tiros na nuca. Em resposta a brutalidade do crime, foi criada uma equipe para tratar de crimes que tenha a identificação ignorada, reunindo policiais civis e militares da área de inteligência e técnicos do Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves”.
A medida pontual agora se tornou política de segurança pública com a oficialização do Grupo Especial de Investigação e Combate a Crimes Múltiplos (Gecrim). A decisão foi anunciada na manhã de ontem durante coletiva de imprensa na sede da secretaria, em Belém. O evento contou com a presença do secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Luiz Fernandes Rocha, o delegado geral da Polícia Civil, Nilton Athaide, o comandante geral da Polícia Militar, coronel Mário Solano e o diretor geral do CPC “Renato Chaves”, Orlando Salgado.
Formado por oito policiais militares, oito investigadores, três escrivães e três delegados, o grupo será uma espécie de força tarefa auxiliar da Divisão de Homicídios. Vinculado diretamente ao Comitê Integrado de Gestores de Segurança Pública (Cigesp), o grupo foi criado por meio de portaria da Segup, publicada no Diário Oficial do Estado, na última segunda-feira (12). O objetivo é concentrar esforços para solucionar crimes de múltiplas vítimas, características de chacina.
“A Divivisão de Homicídios está fazendo um trabalho muito bom, mas precisamos de um serviço especializado”, defende o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Luiz Fernandes Rocha. “O enfoque será o adolescente, a incidência de assassinatos desse tipo é maior entre eles”, completa.
Nos últimos cinco meses 18 pessoas foram vitimas de crimes de execução, maioria delas adolescentes. Em junho, foram cinco assassinatos não relacionados em menos de 24 horas, no município de Abaetetuba. Os executores de dois deles teriam sido executados por um grupo de extermínio formando por policiais. Em setembro, sete pessoas da mesma família foram vitimas de uma chacina no município de Santa Isabel, três deles eram adolescentes.
Pará é o terceiro estado mais violento do país, diz estudo - De acordo com dados do Mapa da Violência de 2012, o Pará ocupa a 3ª posição dos estados mais violentos do Brasil. Elaborado com base em informações do Ministério da Justiça e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, o estudo aponta que a taxa de homicídio do estado saltou de 40,2 casos por mil habitantes em 2009 para 45,9 em 2010.
No mesmo período o índice na região metropolitana passou de 55,8 homicídios em cada grupo de 100 mil habitantes para 80,2, aparecendo como segunda capital mais violenta, perdendo apenas para Maceió (AL).
Confrontado com os dados da pesquisa, o secretário contestou a metodologia do estudo. “Os dados partem de generalizações já que comparam cidades com populações diferentes sob o mesmo critério. Como vou comparar Belém com São Paulo que tem 54 mil homicídios por mês. Estamos falando de populações diferentes”, questiona.
Em contrapartida, Luiz Fernandes Rocha apresentou o último levantamento do Relatório dos Crimes Ocorridos no Estado do Pará, datado de outubro de 2011. De acordo com o governo, o crime no estado teve uma redução de 15% neste ano. Em 2010, o número de homicídios em outubro até outubro era 2.800. No mesmo período deste ano, caiu para 2.363.
Já na capital, em 2010, foram registrados 1244 homicídios. Em 2011, o valor registrado foi de 848 mortes. Uma redução de 30%, de acordo com o estudo.
(Diário do Pará)