
04/11/2009 - 10:29:40
Carlos Carone
carone@jornaldebrasilia.com.br
Como realizar um trabalho de perícia criminal em locais submersos onde podem estar corpos de pessoas vítimas de homicídios e ocultação de cadáver? A água transforma-se em uma barreira para a solução de crimes graves, como assassinatos e roubos à mão armada. Para ser o primeiro órgão de segurança do País a contar com um time especializado na realização de perícias subaquáticas, a Polícia Civil do Distrito Federal começa, hoje, a treinar duas equipes formadas por 14 peritos criminais que terão aulas teóricas e práticas tanto em piscina quanto mergulhos diurnos e noturnos no Lago Paranoá, em profundidades que podem atingir até 40 metros.
Atualmente, provas de diversos crimes são destruídas após serem jogadas nas águas do Lago Paranoá. Caso isso ocorra, a polícia não possui meios para realizar o trabalho debaixo d´água, principalmente pela falta de equipamentos e de especialização. Segundo o diretor do Instituto de Crimnalística (IC), Celso Nenevê, armas, carros e até cadáveres podem ser desovados nas águas turvas do Paranoá que uma perícia de local é imediatamente descartada. "Esse curso servirá, especificamente, para nós termos a condição de realizar um trabalho pericial da mesma forma que fazemos nas cenas de crimes comuns, com demarcação, metragem e coleta de evidências", explicou.
O diretor do IC lembrou que, quando algum caso como esse ocorre, mergulhadores do Corpo de Bombeiros são os responsáveis pelo resgate de corpos ou qualquer outra evidência usada em algum tipo de crime. No entanto, eles não posssuem o conhecimento necessário para fazer a perícia. "Por mais que se tenha cuidado, a cena do crime, mesmo submersa, acaba sendo contaminada pelas pessoas que não tem familiarização com o trabalho de perícia criminal. Com isso, muitas evidências podem acabar se perdendo", afirmou.
Hoje, o grupo de peritos já começar a participar das aulas teóricas e o primeiro mergulho no lago deverá ocorrer já na próxima segunda-feira. Alguns profissionais do IC também já possuem o conhecimento que envolve o mergulho em águas turvas e profundas. "Por sorte, já contamos com peritos com essa experiência, como por exemplo, um ex-mergulhador da Petrobras que trabalha conosco", disse Nenevê. Durante o curso, os alunos terão noções de mergulho básico, avançado e primeiros socorros, todos com credenciamento internacional Professional Association of Diving Instructor(Padi), que é uma organização global de profissionais especializados em mergulho. Dois policiais da Academia de Polícia Civil (APC), com formação em primeiros socorros, também irão participar das aulas, que estão previstas para terminar em 4 de dezembro próximo.
Da redação do Jornal de Brasília