Páginas

terça-feira, 17 de julho de 2012

PORTUGAL e a problematização CSI

Séries "CSI" aumentaram visibilidade dos peritos forenses criando novos problemas

As séries de televisão "CSI" aumentaram a visibilidade dos peritos forenses em Portugal, levando ao aparecimento de mais candidatos e de cursos de formação, mas também implicaram novos problemas, disse à Lusa o presidente da associação destes profissionais.


"De facto as séries `CSI` deram muita visibilidade à questão da perícia", afirmou o dirigente da recém criada Associação Sócioprofissional de Peritos Forenses da Polícia Judiciária, João Fonseca.
"Com estas séries, houve uma maior procura do que é que o laboratório da polícia científica e [um crescimento do número de] pessoas a procurarem saber como é que podem concorrer e integrar os quadros do laboratório", referiu.
Além disso, acrescentou, as séries `CSI` tiveram outra consequência.
"Verificou-se também, e isso sim, exclusivamente ligado às séries `CSI`, o aparecimento de pós-graduações e cursos de formação nas ciências forenses em várias instituições do Ensino Superior", adiantou João Fonseca.
No entanto, sublinha o presidente da associação dos peritos forenses, as séries também levaram a que surgissem novos problemas.
"Existe uma grande diferença entre aquilo que nós fazemos e aquilo que aparece nessas séries. É impossível tecnicamente conseguir fazer uma perícia num espaço de uma hora", garantiu, lembrando que, "às vezes, as pessoas pensam que pelo facto de as coisas aparecerem de determinada maneira na televisão são muito fáceis e afinal não são".
Segundo João Fonseca, é complicado "explicar às pessoas que nem tudo é possível e que as coisas não são como na televisão".
Tal como nas séries, o laboratório da polícia científica também tem uma base de dados de impressões digitais, mas isso não permite conseguir resultados tão rápidos como os do `CSI`.
"O que não existe é carregar num botão e em 5 segundos termos um resultado. Tal como existe uma base municiais flagrados [balas disparadas], de projéteis, mas não basta pôr lá a imagem do elemento municial deflagrado e, passados 5 segundos, termos um resultado e quase sabermos que escola primária frequentou a pessoa que comprou a arma", ironizou.
Ainda assim, João Fonseca sublinha que o trabalho dos peritos forenses tem ganho importância e é cada vez mais notado nas investigações.
"Não é possível fazer investigação criminal sem a perícia. É um sinónimo de evolução quase civilizacional o peso que a perícia tem na investigação criminal", considerou, defendendo que "a perícia é, de facto, um dos garantes dos direitos e liberdades das pessoas, porque o elemento pessoa é um pouco colocado de fora" e o foco "é dado aos vestígios e à análise".

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=571051&tm=8&layout=121&visual=49