Criminologia continua fora da Classificação de Profissões
A licenciatura em criminologia arrancou em 2006, depois de aprovada em 2002, mas ainda não consta da Classificação Portuguesa de Profissões, aumentando as dificuldades de integração no mercado de trabalho.
A denúncia partiu da Associação Portuguesa de Criminologia, criada em março deste ano para defender o reconhecimento da Criminologia em Portugal e, por consequência, o futuro dos seus licenciados, que "ficam muito frustrados com as suas saídas [profissionais]", disse à Lusa Paula Cabral, porta-voz da associação."Estima-se que existam já entre 150 a 200 licenciados e prevê-se que no final deste ano sejam já cerca de 400", contou a responsável, segundo a qual estes "têm encontrado dificuldades e frustrações para se integrarem no mundo do trabalho", uma vez que "não têm colocação" em nenhuma das áreas em que receberam formação.
Em causa não está a falta de saídas profissionais, aliás, elas existem mas nunca associadas à licenciatura de criminologia que "que pouca gente conhece".
Quando os licenciados chegam ao centro de emprego para se inscreverem, contou Paula Cabral, "perguntam se querem inscrever-se como psicólogos, sociólogos, técnicos do Direito ou indiferenciados, porque não reconhecem que existe essa licenciatura, o que dificulta muito na contratação pública".
A criminologia, explicou, "é o estudo pluridisciplinar do fenómeno criminal", que "articula conhecimentos das várias áreas científicas", como "humanas, sociais, jurídicas e biomédicas".
De acordo com o explicitado pela própria Faculdade de Direito da Universidade do Porto, a primeira instituição pública a abrir o curso em 2006, os licenciados em Criminologia estão aptos a desenvolver várias atividades, como análise criminológica, políticas criminais, programas de prevenção, intervenção clínica e comunitária, investigação científica e ensino.
"Nos dias atuais, é um dos cursos mais procurados pelos jovens que procuram ingressar no meio académico, sendo a sua procura seis vezes superior ao número de vagas, chegando a atingir médias só comparáveis com as exigidas a Medicina", defende a associação de criminologia, que já enviou cartas aos diversos grupos parlamentares e reuniu com vários ministérios.
O partido Os Verdes questionou, no final de 2011, os ministérios da Administração Interna, Segurança Social, Justiça e Economia sobre as medidas desencadeadas com vista ao reconhecimento da profissão de criminologia.
E se Administração Interna e Segurança Social reencaminharam o assunto para a Economia, respondeu este ministério que a classificação portuguesa das profissões (CPP) foi "aprovada em 2010 e destina-se essencialmente a fins estatísticos, sendo um instrumento fundamental para a observação, análise e comparabilidade internacional de profissões".
Para outubro, a Associação Portuguesa de Criminologia está a preparar um congresso com a finalidade de "sensibilizar sobre o que é a criminologia, o que é um criminólogo", "para tentar demonstrar as entidades e instituições que podem abarcar estes profissionais".
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