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sábado, 8 de dezembro de 2012

Sessão Solene em comemoração ao Dia do Perito Criminal do Distrito Federal

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Sessão Solene em comemoração ao Dia do Perito Criminal do Distrito Federal
 

Na manhã de hoje (04/12), diretores da Agepol participaram de Sessão Solene em comemoração ao Dia do Perito Criminal, ocorrida no Departamento de Polícia Especializada-DPE, com a presença de diversas autoridades, dentre as quais o Deputado Distrital Wellington Luiz (PPL-DF), o Secretário de Estado da Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avelar, do Diretor Geral da Polícia Civil do DF, Dr. Jorge Xavier, do presidente da ABPC, Perito Criminal Gustavo Dalton, do Diretor do DPE, Eric Seba, além de diversos convidados.
 
Todos aqueles que fizeram uso da palavra, sobretudo o Secretário de Segurança, Sandro Avelar, o Deputado Wellington Luiz, o Diretor Geral da PCDF, Dr. Jorge Xavier e o Diretor do DPE, Eric Seba, destacaram a importância do Perito Criminal na investigação policial, cujo laudo pericial é peça fundamental para a busca da verdade real, com DIA_DO_PERITO_3vistas a condenação ou absolvição do acusado.
 
O Diretor Geral da PCDF ainda destacou que para o próximo ano a perícia será um dos órgãos da instituição que receberá, mais do que justo, uma fatia maior de investimentos, com vistas ao melhoramento dos laudos e, sobretudo, das condições de trabalho.
 
DIA_DO_PERITO_2Ao fazer uso da palavra o presidente da Agepol, Agente de Polícia D´Sousa, parabenizou todos os Peritos Criminais pela data e enfatizou a essencial participação dos homenageados na investigação criminal, pois, quando não apontam a autoria do crime, indicam caminhos a serem seguidos pelos investigadores.
 
O destaque das falações ficou por conta do presidente da ABPC, Gustavo Dalton, que disse que o “perito criminal, por sua própria formação acadêmica, é um profissional questionador, com consciência e responsabilidade cidadã, e que cobra as mínimas condições para exercer seu trabalho da melhor forma possível, buscando atender a sociedade com excelência”.


  
Veja na íntegra o discurso do presidente da ABPC, Gustavo Dalton:

Prezados,
 
Gostaria de parabenizar todos os colegas de profissão pelo Dia Nacional do Perito Criminal, nesse dia 04 de dezembro, cuja comemoração foi estabelecida pela Lei 11.654, sancionada pelo Presidente da República em 15 de abril de 2008.
A perícia do Distrito Federal passa por um de seus momentos mais difíceis, fechando esse ano de 2012 com inúmeras dificuldades.
 
Em janeiro, o Instituto de Criminalística sofreu um incêndio, decorrente de anos seguidos de falta de manutenção de sua estrutura física.  Planos de um novo prédio para o IC já existiam no século passado, manifestando a urgente e antiga necessidade de readequação das condições físicas de trabalho dos peritos criminais.
 
O efetivo destes profissionais é demasiado pequeno, insuficiente para atender as demandas das investigações policiais, dos processos judiciais, da sociedade como um todo. Nestes 19 anos como perito criminal, não me recordo de momento com tantos cargos vagos decorrentes de aposentadorias – hoje, mais de 20% do quadro de peritos criminais está vago. Quadro, este, que já está excessivamente defasado se considerarmos as recomendações de organismos internacionais, que apontam para um quantitativo três vezes maior que o atual, necessário para atender de modo cidadão o Distrito Federal. Com o efetivo atual, menor que 30% do que seria ideal, vivemos uma condição absurda, em que nossa proporção de profissionais frente ao necessário é inferior àquela determinada pela justiça para que o trabalho não se considere paralisado. Nessa condição, é como se estivéssemos em uma condição permanente de greve, sem fazê-la, pois estamos trabalhando cotidianamente.
 
E esta falta de efetivo implica também em problemas pontuais, como é o caso da Seção de Perícias Contábeis. Nesse exemplo específico, urge a contratação de contadores para que o trabalho dessa Seção não sofra ainda maiores dificuldades pela falta de peritos criminais com formação acadêmica na área. Com este efetivo limitado, não podemos mais nos dar ao luxo de receber, por melhores que sejam, profissionais de qualquer das áreas de formação acadêmica previstas em Lei – precisamos contratar os novos peritos criminais de acordo com as exigentes necessidades de nosso labor, prevendo com estratégias as sucessivas aposentadorias, de modo a não desguarnecer nenhuma das inúmeras atividades tão especializadas de nosso Instituto. Essencial se faz um concurso que possibilite a contratação dos melhores profissionais de acordo com as áreas que forem mais necessárias para a continuidade dos trabalhos do Instituto de Criminalística.
 
O perito criminal, por sua própria formação acadêmica, é um profissional questionador, com consciência e responsabilidade cidadã, e que cobra as mínimas condições para exercer seu trabalho da melhor forma possível, buscando atender a sociedade com excelência. É necessário lembrar que essa nova geração de Peritos Criminais, contratada após o ano 2002, e que representa cerca de 40% do efetivo em atividade (em breve será maioria, com a contratação dos novos profissionais recém-formados), tem experimentado quase que unicamente esse período de desatenção com as condições de trabalho do Instituto de Criminalística. A falta de pessoal tem gerado, há anos, sobrecarga de trabalho, e distanciado o perito de sua "necessidade" intrínseca de produzir seu trabalho com a máxima qualidade possível. As condições físicas das instalações, deixadas em segundo plano, fazem esse profissional experimentar a frustrante sensação de impotência diante de um incêndio que, mais que o alojamento e o serviço administrativo, deixou marcas na própria auto-estima da categoria. Como se não fosse suficiente, após 20 anos de orgulho diante da primeira e mais respeitada forma de indicação de seu Diretor, o Instituto de Criminalística viu desconsiderada sua legítima e exemplar lista tríplice para o cargo maior da unidade cuja atividade-fim é a pericial. Desde que me tornei perito criminal, tenho assistido com alegria os sucessivos processos de votação para a lista tríplice que indica os nomes para a Direção do IC. Esse ato cidadão da categoria tem o condão de levar à Direção-Geral uma solução para a escolha de seu representante, uma vez que reflete a vontade do grupo, ao mesmo tempo que indica de forma inequívoca os profissionais considerados por seus pares como os mais capazes de conduzir o Instituto com bom-senso e apoio da categoria. Qual não foi, portanto, após 20 anos, a frustração da categoria em ver a consolidada e sempre respeitada lista tríplice, que contou com a maior participação dos últimos anos, ser desconsiderada pela Direção da Polícia Civil.
 
Problemas inúmeros, decorrentes da dificuldade de se gerir um órgão público, como é o caso da Polícia Civil do DF.
Mas temos recebido acenos positivos de um futuro mais promissor. O projeto do novo prédio do IC já está pronto, a despeito da sempre lenta burocracia do serviço público, e da necessidade de se preparar diversos outros projetos de importância para a Polícia Civil. E aqui cabe agradecer não só a Direção-Geral de nossa Polícia, mas também aos Deputados que representam tão bem a bancada policial na Câmara Distrital. Em especial os Deputados Distritais que trabalharam por muitos anos no próprio Instituto de Criminalística, onde aprenderam a respeitar o trabalho dos peritos, mas mais do que isso, ganharam consideração e apoio dos profissionais peritos.
O imprescindível aumento do quadro de peritos criminais, sempre exigido e cobrado pela ABPC, que em 2009 terminou por alavancar o projeto de aumento de todas as categorias da Polícia Civil do DF, está em tramitação na Câmara Federal. Àquela época, a luta da ABPC pela contratação de mais Peritos Criminais culminou com a adoção de medida necessária por parte da Direção-Geral de rever todo o efetivo de policiais, buscando restabelecer a qualidade dos serviços que devem ser prestados à população do DF.
Por fim, o concurso para a contratação de novos peritos criminais precisa de urgentes modificações para adequá-lo à realidade de nossas necessidades. Recordo-me de uma das primeiras vezes que conversei com o Delegado Aparício, ainda na antiga Academia de Polícia Civil, quando ele enfatizou a necessidade de que as associações e sindicatos da Polícia Civil buscassem sempre atos e termos legais idênticos aos da Polícia Federal, garantindo nossa condição de instituições irmãs. E nesse sentido, buscamos de maneira insistente tornar nosso mais recente concurso idêntico aos últimos realizados pela Polícia Federal. Cobramos do próprio Delegado que o concurso seguisse as mesmas normas que os da nossa polícia-irmã, da forma que nós, peritos, estamos acostumados a fazer: questionando tudo (não é exatamente esse nosso trabalho?)! E creio que conseguimos trilhar a metade desse caminho. Nosso colega à frente da Gerência de Concursos prometeu à ABPC e à Direção do IC ajudar na formatação do próximo concurso, para que seja idêntico ao do INC, na linha que ele mesmo certo dia me cobrou.
 
Necessário se faz ressaltar, aqui, a condição do nosso Diretor-Geral, Dr. Jorge Xavier, como o primeiro Delegado de Polícia a alcançar a condição de dirigente máximo por meio de uma lista tríplice elaborada pelos próprios pares. Ao ser indicado pelo Governador do DF para o cargo, tornou-se motivo de orgulho para toda a categoria, e um claro exemplo de autonomia. Profissional sério e responsável, de imediato alcançou respeito dentro da Polícia Civil do DF, trazendo em sua bagagem a experiência de ter participado da associação e do sindicato, compreendendo como poucos a importância e necessidade dessas entidades como fiscais e também contribuidores de qualquer administração competente e transparente.
 
E esse Diretor compreendeu de imediato a necessidade de voltar maior atenção aos Peritos Criminais, ao receber esses profissionais questionando sua autonomia em ter uma lista tríplice respeitada, e ter a construção de um novo prédio colocada como uma das prioridades na corporação (os peritos, os policiais civis, os deputados distritais, e toda a sociedade esperam com ansiedade o cumprimento das promessas de investimento para a construção do prédio). A Direção-Geral voltou sua atenção para a necessidade de aumento do efetivo dos peritos, que tem realizado sacrifícios diários para atender a polícia, a justiça, a sociedade. Cresceram as esperanças de nossos profissionais em um futuro melhor para a categoria.
 
E falando da importância das entidades de classe para a instituição, quero lembrar que a ABPC, da mesma forma que iniciou o atual processo de aumento do quadro, sempre lutou em conjunto com os sindicatos (SINPOL e SINDEPO) nas lutas não só de categoria, mas de toda a instituição. Fica claro aqui o comprometimento de uma categoria de profissionais com sua instituição, seja ela qual for, esteja onde estiver. Somos profissionais responsáveis e conscientes de nosso compromisso com a sociedade, não apenas com a Polícia Civil, com o judiciário, com o Ministério Público, com os Direitos Humanos. E esse será sempre o espírito dos peritos criminais: compromisso com a sociedade.
 
Por fim, acho importante falarmos aqui sobre autonomia da perícia. Tema importante, mas que tem sido interpretado com excessiva paixão nos últimos meses. Não se pode tapar o sol com a peneira, diante de uma realidade tão evidente. A autonomia da perícia é inexorável. Não é, como ouvi certa vez, um interesse classista. É, antes de tudo, um anseio da sociedade, exposto de forma clara na I Conferência Nacional de Segurança Pública (I CONSEG), quando foi a segunda diretriz mais votada, num processo que contou com a participação não só das entidades classistas, mas dos próprios gestores e representantes da sociedade civil (estes em maior proporção que os profissionais da segurança pública). Em cerca de 70% (!) dos estados brasileiros, a perícia adquiriu uma maior autonomia, impelida pela sociedade e pelo próprio governo. Autonomia recente, ainda com problemas e desafios, mas com exemplos bem-sucedidos, como São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Bahia (só para citar alguns). Em alguns casos, a maioria dos peritos oficiais em atividade conhece apenas um modelo de perícia autônoma, funcionando com eficiência fora da Polícia Civil. A autonomia da perícia tem sido assunto presente e crescente há alguns anos, sendo objeto de duas PECs no Legislativo, tema constante no CONASP - Conselho Nacional de Segurança Pública (com expressiva representação da sociedade civil) e discutida com frequência no Poder Executivo (no Ministério da Justiça).
 
Não cabe, aqui, definir qual o melhor modelo, nem quanto tempo se leva para alcançar o sucesso. Creio que o mais importante é lembrar que a autonomia da perícia é uma realidade. E ressaltar que a Polícia Civil do Distrito Federal e a Polícia Federal sempre foram, e ainda são, exemplos para os demais estados, no que tange ao eficiente funcionamento de todo o processo de investigação, apuração e elucidação de crimes. Sempre fomos referência na execução de nossas atividades, e na implantação de modelos racionais e inovadores. Nesse momento, a despeito de alguns estados terem encontrado a "solução" de sua autonomia local há mais de 15 anos, todos ainda olham para nós, aguardando as necessárias mudanças para, com certeza, questionarem nosso modelo e, talvez, mudarem o que consideram pétreo. Estamos no palco, toda a plateia aguardando nossa atuação, e precisamos nos apresentar - não de improviso, mas temos que escrever urgentemente nosso script. Qual é a autonomia da perícia da Polícia Civil do DF?
 
Tenho a certeza de que temos a oportunidade de, mais uma vez, ser exemplo para todo o Brasil. Tenho convicção de que temos profissionais capazes de discutir um modelo inovador, debater casos de sucesso, identificar as dificuldades enfrentadas pelos que nos precederam. Lembro que autonomia da perícia não implica, necessariamente, desvinculação da Polícia. E menciono aqui o atual presidente da ABC (Associação Brasileira de Criminalística), perito criminal Iremar Paulino, que sempre fez questão de frisar, onde quer que estivesse, que o Brasil tem muitas realidades diferentes, e que o respeito às diferenças locais precisa ser respeitado, observando-se a autonomia de cada Estado.
 
Por autonomia se entende a capacidade de participar das decisões de seus próprios rumos, de seu próprio destino. Os peritos criminais do DF jamais se esquecem que possuem autonomia em sua atividade fim, as perícias criminais, executando seu trabalho de forma isenta e sem interferências, um exemplo para todo o Brasil. Mas há o que melhorar... mais respeito aos pleitos da categoria, retorno ao acatamento das próximas listas tríplices, participação na elaboração dos próximos concursos para perito criminal, prioridade na melhoria de nossas instalações físicas, maior participação nas decisões dos investimentos da perícia, urgência na contratação de novos profissionais e no aumento do quadro, dentre tantas outras demandas. A ABPC reconhece o empenho de nosso Diretor-Geral nessa lutas, o apoio irrestrito de nossos representantes do Legislativo nessas demandas, a participação constante dos sindicatos e demais associações no reconhecimento de nossas necessidades, a importância que sempre nos foi dada pelo Executivo (na figura dos Secretários de Estado e seus assessores), o empenho da SENASP e do MJ na evolução da perícia nacional, bem como outros tantos órgãos e entidades.
 
Os peritos criminais do DF tem debatido o assunto de autonomia da perícia constantemente, com mente aberta, buscando possibilidades e alternativas que sejam, no futuro, mais um caso de sucesso e exemplo para todo o país. Tem-se discutido muito acerca da possível autonomia financeira, não só da Polícia Técnica, mas da própria Academia de Polícia Civil, necessidade premente para que se torne uma Instituição de Ensino Superior. Não podemos interpretar de maneira unilateral as ações e ideias sobre esse assunto. Peço, aqui, um olhar de atenção do Diretor-Geral da Polícia Civil do DF, Dr. Jorge Xavier, para, mais uma vez, sermos exemplo para todo o país, buscando (e encontrando) um caminho de sucesso. Relembro que autonomia não necessariamente implica em desvinculação da Polícia Civil, e existe um caminho possível de ser trilhado lado a lado, ombro a ombro, entre peritos oficiais e delegados de polícia.
 
A ABPC conta com a boa-vontade da Polícia Civil, da Câmara Distrital, da Secretaria de Segurança, do Ministério Público, do Judiciário, de toda a sociedade, para buscar a melhor solução para nossas necessidades.
 
Agradeço a todos, e parabéns aos Peritos Criminais pelo seu dia.