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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

FALTA DE AGUA NAS PERICIAS CRIMINAIS PEFOCE IML - Falta d´ água impede necropsias


No IML

Falta d´ água impede necropsias

22.10.2012

Oito corpos que se encontravam, na manhã de ontem, na sede da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), antigo Instituto Médico Legal (IML), em Fortaleza, não puderam ser liberados para sepultamento devido à falta de água que atingiu todo o prédio desde o último sábado (20) à tarde, o que impediu a realização das necropsias. O problema causou indignação entre familiares dos mortos.

Familiares de oito mortos aguardavam a liberação dos corpos. A falta d´água teria começado sábado e só foi resolvida na manhã de ontem Foto: José Leomar

De acordo com informações de funcionários do Pefoce, que não quiseram se identificar, a falta de água foi causada por um problema em uma bomba responsável por injetar água na cisterna para ser distribuída para o restante do prédio. O conserto do equipamento só foi providenciado por volta das 9h de ontem. A conclusão do trabalho aconteceu cerca de duas horas depois. Mas, os corpos só começaram a ser liberados à tarde.

Um médico perito que estava de plantão na manhã de ontem na Pefoce avaliou a situação como absurda. "Como posso realizar uma necropsia sem água?", indagou. Outra funcionária do órgão afirmou que o problema da falta de água se repete frequentemente no prédio porque a bomba de água é antiga e deveria ter sido substituída quando da reforma do antigo IML. "Só se faz reparos no equipamento e nada de trocá-lo por um novo", apontou.

Uma das mais revoltadas com o problema foi a enfermeira Maria Roseni de Souza. O corpo do pai dela, o agricultor José Benedito de Souza, chegou à Pefoce às 17h de sábado. "Passamos a noite aqui à espera da liberação do corpo e só vieram dar alguma informação pra gente agora de manhã (ontem), com a chegada da imprensa. E, mesmo assim, ainda é essa história absurda de falta de água num órgão em que o líquido é essencial. Isso é um desrespeito aos mortos e a nós, familiares", criticou.

O agricultor José Amaro aguardava a liberação do corpo da filha, Samara Amaro, vítima fatal de choque elétrico. O corpo da jovem chegou à Pefore pouco depois da 00h de domingo. "Neste momento, já são mais de nove horas de espera para a liberação e não temos nem previsão. Para completar, não tem uma pessoa da administração aqui para prestar algum esclarecimento para gente, num total descaso", avaliou Amaro.

Problemas
O problema da falta de água não é nenhuma novidade na sede da Pefoce. Na primeira semana após a inauguração do prédio, em junho passado, os corpos também não puderam ser liberados por dificuldades de abastecimento causados por falha no projeto de reforma.

Na data da inauguração, 12 de junho, o perito geral do Estado, Maximiano Leite Chaves, chegou a dizer que o prédio passava a contar com aparelhos e instrumentos considerados de ponta para o trabalho de polícia científica. Segundo ele, a aparelhagem contribuiria, substancialmente, para a agilidade das atividades cotidianas ao órgão.

 http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1195376