Uma visão geral do cotidiano de um Perito Criminal do
Estado de Alagoas e suas impressões, opiniões e sugestões para compreender e
melhorar esse serviço público.
sábado, 21 de abril de 2012
Nova delegacia. Nova perícia?
Desde que começou o ano de
2012, até este feriado de 21 de abril, executei 30 levantamentos periciais em
locais de crime que produziram 3080 fotografias. Elaborei 163 páginas de laudos
e mesmo assim só cumpri um terço do volume total. Minha equipe possui 4 peritos
(eu e mais três) para cobrir todo o Estado de Alagoas. Agora mesmo um colega
está periciando a mais de 200 km de distância da capital. Neste cenário, recebo
a seguinte notícia: “Delegacia de Homicídios: nova estrutura funcionará em
maio”. Veja link abaixo:
Curioso é ler o seguinte
trecho:
“Outro avanço significativo será a presença permanente
de equipes de peritos do Instituto de Criminalística (IC) na base da delegacia
para a realização dos exames periciais nos locais onde os crimes acontecerem.
‘Os peritos acompanharão nossas equipes e isso vai agilizar o trabalho de investigação’,
acrescenta”.
Nada do que foi noticiado é
novidade no mundo jurídico-administrativo atual. Tudo já devia estar
funcionando. Por algum motivo, algo, ou tudo, não ia bem. Mas acharam uma
solução! Vamos juntar um “grupinho” para trabalhar naquilo que já devíamos fazer
em cada uma das delegacias! E se for usando o chapéu dos outros,
melhor!
Já que os peritos fazem
perícia de homicídio de qualquer jeito, seja dentro da estrutura do Instituto de
Criminalística, seja na delegacia de polícia civil, desejo ao menos saber como
fazer parte do “grupinho”. Pelo menos deixo de ser “clínico
geral”!
Quem serão os “homenageados”?
Os amigos do rei?
O grande desafio é saber se
vamos especializar a perícia alagoana com seu minguado número de peritos ou
mantemos a “clínica geral” com seus resultados insatisfatórios. É um problema do
tipo “cobertor curto”.
Transferir peritos para a nova
delegacia especializada significa assoberbar esses peritos com numerosos
levantamentos em locais de homicídios, nosso “feijão com arroz” em Alagoas. E,
por outro lado, manter os demais peritos na “clínica geral”, incluindo mortes
violentas como acidentes e suicídios.
Quem sai ganhando com essa
estratégia?