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sábado, 11 de maio de 2013

CASO PC FARIAS REABRE E DEFESA ALEGA TENDENCIAS SUICIDAS DE SUZANA

10 de Maio de 2013 atualizado às 18h33

Defesa rebate laudo e aponta tendências suicidas em namorada de PC


O advogado José Fragoso argumenta em defesa dos réus durante o julgamento Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
O advogado José Fragoso argumenta em defesa dos réus durante o julgamento
Foto: Itawi Albuquerque / Futura Press
O advogado José Fragoso - que defende os quatro policiais militares acusados de envolvimento nas mortes do empresário Paulo César Farias e da namorada dele, Suzana Marcolino - apresentou nesta sexta-feira argumentos contra o laudo que apontou que o crime foi um duplo homicídio. Fragoso defende que a primeira conclusão da polícia, que dizia que Suzana havia matado PC e cometido suicídio, estava correta. O advogado também tentou convencer os jurados de que a mulher tinha tendências suicidas.

Quando foi feito o exame de microscopia eletrônica, os corpos já tinham sido lavados. Querer encontrar antimônio depois disso tudo é querer encontrar pelo em casca de ovo
José Fragosoadvogada de defesa
A defesa passou a maior parte de seu tempo de fala argumentando contra o laudo elaborados pelo perito criminal Domingos Tochetto e pelo médico legista Daniel Muñoz. Os dois, que prestaram depoimento no júri na quinta-feira, contestaram a tese de crime passional baseados em alguns aspectos, como a quantidade de resíduos de pólvora encontrada nas palmas das mãos de Suzana, a trajetória da bala que a atingiu e a falta de marcas de sangue na arma.

Fragoso argumentou que, quando Tochetto e Muñoz fizeram as análises, as provas não estavam mais conservadas. "Quando foi feito o exame de microscopia eletrônica, os corpos já tinham sido lavados. Querer encontrar antimônio depois disso tudo é querer encontrar pelo em casca de ovo", disse.

O advogado criticou a medição do cadáver feita pelo legista, que, segundo ele, tinha acesso ao corpo, mas preferiu medir os ossos. Fragoso usou trechos de um livro que afirmavam que o método usado por Muñoz pode ter falhas.

Caso PC Farias: Defesa rebate acusações da promotoriaClique no link para iniciar o vídeo
Caso PC Farias: Defesa rebate acusações da promotoria
A defesa falou também sobre os testes feitos pelo segundo laudo a respeito da presença de marcas de sangue e impressões digitais no revólver. "Se alguém tivesse limpado a arma, teriam ficado fragmentos de impressões digitais?", questionou o advogado.

"Isso é um bilhete suicida"
José Fragoso também tentou desacreditar Suzana Marcolino aos jurados, buscando mostrar que ela tinha tendências suicidas. Ele lembrou o telefonema feito pela mulher ao dentista Fernando Corleone, e mostrou um trecho em que Suzana falou à secretária eletrônica: "espero um dia encontra você, nem que seja na eternidade. (...) Em algum lugar desse ou de outro mundo eu encontro você, tenho certeza absoluta". "Isso é um bilhete suicida, isso com certeza", disse o advogado.

A defesa também afirmou que Suzana mentiu sobre estar grávida de PC Farias. "O exame deu negativo, mas ela falava que estava grávida", disse Fragoso. Segundo o advogado, PC buscava descobrir algum segredo de Suzana que pudesse usar como motivo para terminar o relacionamento com ela.

José Fragoso lembrou ainda que "as circunstâncias daquela noite" podem ter feito com que os seguranças não tenham ouvido os tiros, conforme eles alegam. "Eles jamais poderiam imaginar que Suzana estaria com uma arma, muito menos que ela iria usar a arma para tira em PC e nela própria. Por isso que eles jamais podem responder por omissão", disse o advogado.

O defensor criticou a cobertura da mídia no caso. Segundo ele, a imprensa fez "escarcéu" na época do crime. "Se não fosse a pressão da imprensa, esses quatro seguranças não estariam aqui. O caso já estaria encerrado", disse.

Tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello, PC Farias era apontado como uma das pessoas mais próximas do então presidente. Ele foi denunciado por sonegação fiscal, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. Respondem pelas mortes Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva.

O crime
Os PMs trabalhavam como seguranças de PC Farias e são acusados de homicídio qualificado por omissão. Paulo César Farias e Suzana Marcolino foram assassinados na madrugada do dia 23 de junho de 1996, em uma casa de praia em Guaxuma. À época, o empresário respondia a vários processos e estava em liberdade condicional. Ele era acusado dos crimes de sonegação de impostos, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. A morte de PC Farias chegou a ser investigada como queima de arquivo, já que a polícia suspeitou que o ex-tesoureiro poderia revelar nomes de outras pessoas que teriam participação nos mesmos ilícitos.

Entretanto, a primeira versão do caso, que foi apresentada pelo delegado Cícero Torres e pelo legista Badan Palhares, apontou para crime passional. Suzana teria assassinado o namorado e, na sequência, tirado a própria vida. A versão foi contestada pelo médico George Sanguinetti, que descartou tal possibilidade e, mais tarde, novamente questionada por uma equipe de peritos convocados para atuar no caso. Os profissionais forneceram à polícia um contralaudo que comprovaria a impossibilidade, de acordo com a posição dos projéteis, da tese de homicídio seguido de suicídio.


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