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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Paraná tem alta defasagem no número de peritos na Polícia Científica



Paraná tem alta defasagem no número de peritos na Polícia Científica

NoAr Comunicação
Mais de 90%. Mais precisamente 92,2%. Esse é o déficit de peritos no Instituto de Criminalística no estado do Paraná. Os peritos são os responsáveis pela produção da prova material que a polícia utiliza como embasamento para nortear a investigação, e que garante subsídio técnico ao juiz para que ele possa condenar ou absolver os acusados de um crime.
Com a falta de profissionais, esse trabalho pode estar ameaçado, o que contribui para o aumento da impunidade. Porém, a situação poderia ser mais amena, já que 35 candidatos aguardam desde 2007 para serem nomeados e colocados para trabalhar.
No Paraná existem atualmente 161 peritos criminais na ativa para atender um estado com 10.439.601 milhões de habitantes (dados do último censo), o que resulta uma proporção média de um perito para cada 65 mil habitantes.
Este número está muito longe do ideal estipulado pela ONU de um perito para cada 5 mil habitantes. Ou seja, para chegarmos ao ideal, teríamos que ter 2.088 mil peritos no Estado, um aumento de mais de 1196% do número atual, o que equivale a 1897 contratações.

"Sabemos que essa recomendação é praticamente utópica para a realidade atual, contudo o Paraná necessita de pelo menos o dobro de profissionais na Polícia Científica. E se esses 35 novos peritos forem nomeados seria um bom fôlego para o IC até o próximo concurso", relata Ciro Pimenta, presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais e Auxiliares do Paraná (Sinpoapar).

O Sindicato dos Peritos Oficiais e Auxiliares do Paraná relembra que 35 pessoas estão aprovadas desde o concurso de 2007, esperando a nomeação para trabalharem como peritos no Paraná.
Para que os candidatos aprovados possam ingressar na carreira é preciso que sejam abertas vagas na classe inicial, que atualmente se encontra totalmente preenchida pelos candidatos que já foram nomeados e por peritos que estão há mais de 15 anos sem promoção.
Havendo a promoção, esses servidores sairão da classe inicial e irão para a classe acima, abrindo, assim, as vagas necessárias para a nomeação daqueles que esperam desde 2007.
“O grande problema é que é preciso que essas vagas na classe inicial sejam abertas até novembro desse ano, pois esse é o prazo em que a validade do concurso expira. Após essa data, para a contratação de novos servidores haveria a necessidade da realização de novo concurso público para a Polícia Científica, o que acarretaria ao Estado o não aproveitamento de todos os candidatos aprovados, além de custo de realização de novo certame“, explica o presidente do Sinpoapar.
Déficit
Os peritos criminais estão lotados em 10 seções existentes no Estado. Cada uma delas atende a uma região que abrange várias cidades. Na seção de Cascavel, por exemplo, 44 cidades são atendidas, com uma população de cerca de 850 mil pessoas.
Para atender a esse público, são apenas seis peritos, enquanto que o número ideal seria 170. Ou seja, a Polícia Cientifica lá atende com 3,5% do número ideal de profissionais.
Situação semelhante acontece em Londrina, que trabalha com 5% dos profissionais necessários. São 88 cidades atendidas pela seção do Instituto de Criminalística local e uma população de cerca de 1,5 milhão de habitantes. São 17 profissionais onde se precisaria de 300.
“Com isso o que vemos acontecer regularmente, ainda mais no interior onde são muitas cidades atendidas e distâncias consideráveis, são casos em que a Polícia Cientifica não consegue estar presente. Isso faz com que a investigação fique comprometida, favorecendo a impunidade", conta Ciro Pimenta.
Outra situação pela qual os peritos de todas as seções passam é a falta de outros profissionais, como motoristas. Em seis, das dez seções da Polícia Científica do Estado não existe um motorista sequer.
O resultado disso é que muitas vezes o perito vai ao local de crime sozinho em locais perigosos, sem porte de arma e ainda guiando a viatura. As viaturas também são outro ponto de precariedade da Polícia Científica. .
Os peritos que trabalham nas 10 unidades do Paraná classificaram os carros existentes como poucos para o trabalho e em situação que variam de média a péssima.
Em Maringá, por exemplo, onde 76 cidades são atendidas, totalizando cerca de 1 milhão de habitantes, existem somente quatro viaturas “em regular estado e com custo de manutenção alto e uma em péssimo estado", conta o Sindicato.
Box
Unidade do Instituto de CriminalísticaNúmero atual de peritosO número ideal aproximado de peritos (segundo ONU)Quantas cidades atende
Paranaguá5537
Cascavel617044
Foz do Iguaçu610018
Ponta Grossa917828
Umuarama510446
Guarapuava310019
Francisco Beltrão311742
Londrina1730088
Maringá1120076
Curitiba9164031