MINISTÉRIO PÚBLICO SOLICITA AO STJ PERÍCIA OFICIAL EM ASSINATURAS DE OSVALDO CRUZ NA INVESTIGAÇÃO DOS PRECATÓRIOS
Texto: RAFAEL DUARTE
DO NOVO JORNAL
Texto: RAFAEL DUARTE
DO NOVO JORNAL
A SUB-PROCURADORA GERAL
da República, Lindôra Maria de Araújo, pediu ao ministro do Superior
Tribunal de Justiça, César Asfor Rocha, a perícia oficial dos documentos
(cheques e determinações de transferências) que trazem supostas
assinaturas dos desembargadores Osvaldo Cruz e Rafael Godeiro.
A
solicitação foi feita durante o depoimento do ex-presidente do Tribunal
de Justiça, Osvaldo Cruz, na quarta-feira passada, em Brasília. Na
ocasião, a defesa do desembargador apresentou a perícia particular de
dois documentos (um cheque e uma determinação de transferência) onde foi
constatado pelo perito contratado pela defesa que as rubricas de
Osvaldo Cruz não saíram do punho do magistrado.
O advogado Armando Hollanda comemorou a
análise oficial. Ontem pela manhã ele convocou a imprensa para revelar
novas perícias em oito documentos. De acordo com o laudo do perito
criminal federal, Elinaldo Cavalcante da Silva, todo o material
periciado atestou a falsidade das assinaturas. A análise foi realizada
de 17 de maio a 7 de junho. Ainda faltam 30 documentos para serem
analisados.
No material apresentado à imprensa
constam dois cheques endereçados à ex-chefe da divisão de precatórios do
Tribunal de Justiça, Carla Ubarana, um encaminhado ao empresário e
marido de Carla, George Leal, e outro a Glex
Empreendimentos, empresa do casal.
Armando Holanda disse que não tinha como provar de quem eram as
assinaturas, mas afirmou que foi Carla Ubarana quem preencheu os
cheques. “Carla disse no depoimento que ela preenchia os cheques para
que Osvaldo assinasse. Mas ele não assinou. Era cheques dela para ela
mesma, dela para o marido, dela para a empresa”, ressaltou.
Os documentos periciados também trazem
determinações de transferências endereçadas aos ‘laranjas’ do esquema
Carlos Alberto Fasanaro Júnior, Carlos Eduardo Palhares e Tânia
Nascimento. “Os dois cheques cujo beneficiário é Carla Ubarana são
importantes porque possuem a data de junho de 2007, não havendo nenhum
outro documento registrado com data anterior aos mesmos, de modo que se
mostram como os primeiros da fraude”, disse.
Todas as perícias foram realizadas em
cópias de cheques e determinações de transferências. Segundo Hollanda,
isso ocorreu porque nunca foi dado à defesa o direito de analisar os
originais. Ele pediu acesso aos documentos originais à presidente do
Tribunal de Justiça, Judite Nunes, mas acredita que não vai receber.
“Admito que o prazo de 20 dias para a entrega do material ainda não
expirou, mas tenho quase certeza que não irei receber”, disse antes de
comentar o pedido oficial da perícia pela subprocuradora Lindôra Maria
de Araújo. “Foi a melhor notícia que poderia ter acontecido para a
defesa. Fizeram uma falsificação de uma forma competente. Vocês já
imaginaram que os laudos oficiais batem com os nossos?”, questionou
otimista.
O advogado sustenta a tese de que o
desembargador Osvaldo Cruz não assinou nenhum documento que o incrimine
durante o tempo em que ocupou a presidência do TJ, em 2007 e 2008. E
apesar do esquema ter iniciado na gestão do magistrado, ele não admite
nem que o desembargador tenha sido omisso ou negligente enquanto foi
presidente. “O doutor Osvaldo não admite nenhuma falha, não errou. Ele
assume todos os seus atos como presidente do Tribunal de Justiça”,
comentou.
Para o advogado, o relatório final do TJ
que também indica a participação do desembargador no esquema é
vulnerável. “Extremamente superficial, vulnerável”, afirmou.
http://novojornal.jor.br/blog/2012/06/19/politica-preto-no-branco-3/