Caso Yoki - Ingenuidade ou imperícia
Caso Yoki – Ingenuidade ou imperícia
Psicóloga forense e professora nas faculdades de Psicologia e Direito da
PUC-Campinas - 19/06/2012 - Coluna Mais - Jornal Correio Popular -
Campinas/SP
Acreditar que Elize Matsunaga matou o marido Marcos por ter sido traída é
no mínimo ingenuidade. Afirmar que se trata de um crime passional, com
violenta emoção, é quase o mesmo que acreditar em duende. Concluir que o
crime não foi premeditado e mais ninguém dele participou é imperícia.
Desde o início, a obviedade deste crime, deveria ter provocado na
polícia indagações que parecem não ter existido.
A minha hipótese é a de que o crime foi premeditado, o motivo foi a
crença de que a autora seria prejudicada financeiramente, portanto
torpe, a vítima não tinha nenhuma chance de defesa – quem sabe porque
estivesse dormindo – e existe a participação de pelo menos mais uma
pessoa.
Elize apresenta, dadas as características da dinâmica do crime cometido,
personalidade psicopática.
Pessoas que possuem estrutura de personalidade deste tipo, são
mentirosas, frias afetivamente, manipuladoras, sádicas, inconstantes,
egocêntricas, não demonstram culpa por seus atos que prejudicam os
outros, não se arrependem das atitudes injustas ou criminosas e não
respeitam o sofrimento de ninguém, a não ser o delas mesmas.
Uma pessoa que não tem este tipo de personalidade, dificilmente
conseguiria cometer um crime cruel como este.
Ela não matou e esquartejou qualquer um, o que já seria um horror, mas o
pai de sua filha.
Saber que alguém que mata com requintes de sadismo (o esquartejamento),
oculta o cadáver e procura viver como se nada tivesse acontecido, já
deveria ter levado a polícia a conjecturar a respeito das
características pessoais da assassina.
Mentir para se proteger é certo para alguém como Elize e jamais deveria
ter sido levado a sério o que ela disse em seu depoimento.
Parece-me que a falta de uma séria capacitação em investigação, para a
polícia, parece ser a justificativa para conclusões ingênuas e
improváveis, como as que foram oferecidas no Caso Yoki.
O grande problema é que ao não saber investigar, a polícia não consegue
prender criminosos sem a ajuda do “disque denúncia” e a população fica,
cada vez mais, à mercê dos delinquentes. Estamos no Estado mais rico do
Brasil e a precariedade da segurança pública é vergonhosa.
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