Superlotadas, prisões têm entrada recorde de detentos
Em São Paulo, apenas nos ...quatro primeiros meses de 2012, o número de novos presos quase atingiu o total do ano passado. Ou seja, a população encarcerada cresceu 9.216 presos neste ano quando em 2011 inteiro, foram 9.504.
Para se ter uma ideia, desde 2008 foram abertas apenas 9.890 vagas, ou seja, insuficiente para a quantidade de novos presos que serão gerados apenas em 2012. A consequência todos conhecem: superlotação e mais superlotação.
Para Daniela Cembranelli, defensora pública-geral do Estado, o problema é nacional: em 20 anos, cresceu três vezes o total de presos no país. "É resultado de uma política que elegeu o encarceramento como solução."
Especialista em violência, Ignacio Cano, da Uerj, lembra que há muitos mandados de prisão não cumpridos. "Se a polícia fizer 100% o seu trabalho, seria preciso duplicar o número de vagas", diz.
Saindo na frente na adoção do modelo estadunidense, São Paulo deverá em breve ter prisões não só construídas mas em parte também administradas em parceria com a iniciativa privada. Outros estados também deverão adotar este modelo.
Para a maioria dos especialistas, novos presídios não bastam, é preciso investir em penas alternativas de crimes de menor potencial. Entre estes crimes, aparece em destaque o tráfico de drogas que, por conta da Lei de Drogas de 2006, tornou este crime inafiançável e fez aumentar fortemente o número de presos provisórios.
Para se ter uma ideia, se entre 2005-2011, a população carcerária cresceu 1,7 vezes (de 294 mil para 514 mil), a quantidade de presos por tráfico cresceu quase 4 vezes (de 32 mil para 125mil). Ou seja, atualmente 1 em cada 4 presidiários do Brasil está detido por tráfico de drogas.
O que isto representa em termos de gasto de dinheiro público é uma exorbitância, que não afeta, no entanto, como poderia, a opinião da massa, pois esta concorda, creio, com o encarceramento como política (“Penas mais severas!” quem já não ouviu este refrão?). Tanto mais seja agora esta opinião manipulada e controlada por interesses empresariais que seguem uma lógica bem simples: quanto mais presos, mais dinheiro.
Mesmo que todo mundo concorde com aquele outro refrão: “Cadeia, você sabe, entra ruim e sai pior”.
Alternativas para reverter este círculo vicioso, por favor!
Fonte: Folha de S. Paulo, 20.05.2012
http://www1.folha.uol.com.br/ fsp/cotidiano/ 44005-superlotadas-prisoes-tem- entrada-recorde-de-detentos.sh tml
http://www1.folha.uol.com.br/ cotidiano/ 1089429-trafico-de-drogas-e-mot ivo-de-24-das-prisoes-do-pais. shtml
Em São Paulo, apenas nos ...quatro primeiros meses de 2012, o número de novos presos quase atingiu o total do ano passado. Ou seja, a população encarcerada cresceu 9.216 presos neste ano quando em 2011 inteiro, foram 9.504.
Para se ter uma ideia, desde 2008 foram abertas apenas 9.890 vagas, ou seja, insuficiente para a quantidade de novos presos que serão gerados apenas em 2012. A consequência todos conhecem: superlotação e mais superlotação.
Para Daniela Cembranelli, defensora pública-geral do Estado, o problema é nacional: em 20 anos, cresceu três vezes o total de presos no país. "É resultado de uma política que elegeu o encarceramento como solução."
Especialista em violência, Ignacio Cano, da Uerj, lembra que há muitos mandados de prisão não cumpridos. "Se a polícia fizer 100% o seu trabalho, seria preciso duplicar o número de vagas", diz.
Saindo na frente na adoção do modelo estadunidense, São Paulo deverá em breve ter prisões não só construídas mas em parte também administradas em parceria com a iniciativa privada. Outros estados também deverão adotar este modelo.
Para a maioria dos especialistas, novos presídios não bastam, é preciso investir em penas alternativas de crimes de menor potencial. Entre estes crimes, aparece em destaque o tráfico de drogas que, por conta da Lei de Drogas de 2006, tornou este crime inafiançável e fez aumentar fortemente o número de presos provisórios.
Para se ter uma ideia, se entre 2005-2011, a população carcerária cresceu 1,7 vezes (de 294 mil para 514 mil), a quantidade de presos por tráfico cresceu quase 4 vezes (de 32 mil para 125mil). Ou seja, atualmente 1 em cada 4 presidiários do Brasil está detido por tráfico de drogas.
O que isto representa em termos de gasto de dinheiro público é uma exorbitância, que não afeta, no entanto, como poderia, a opinião da massa, pois esta concorda, creio, com o encarceramento como política (“Penas mais severas!” quem já não ouviu este refrão?). Tanto mais seja agora esta opinião manipulada e controlada por interesses empresariais que seguem uma lógica bem simples: quanto mais presos, mais dinheiro.
Mesmo que todo mundo concorde com aquele outro refrão: “Cadeia, você sabe, entra ruim e sai pior”.
Alternativas para reverter este círculo vicioso, por favor!
Fonte: Folha de S. Paulo, 20.05.2012
http://www1.folha.uol.com.br/
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