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terça-feira, 24 de abril de 2012

PSICOLOGIA FORENSE

Abr 24th, 2012 
Prefácio:
Ao longo das últimas décadas, com a viragem acidental do século XX para o século XXI, algumas alterações de grande monta parecem estar a chegar ao campo das ciências psicológicas.
A ligação da tradicional teoria psicológica da mente com o campo da criminologia, através do que vulgarmente se passou a denominar psicologia forense é hoje sobejamente bem conhecida.
Embora o caminho ainda seja longo na formação de técnicos das ciências mentais para que se possa providenciar informação credível e constituir-se como peritos que ajudem à produção de prova processual em termos de sede de julgamento (penal, cível, administrativo, etc.), cada vez mais são pedidas perícias psiquiátricas (com o devido aporte da perícia psicológica) no sentido do esclarecimento de uma determinada verdade processual.
Por vezes, tem-se até exacerbado o papel que um técnico de uma determinada área deve ter na intervenção processual, em detrimento da intervenção que outros devem ter. Todavia, é importante que os técnicos de psicologia percebam qual o seu papel mas, mais importante do que isso, qual o apport ou acrescento que podem fornecer num determinado processo onde são convocados a intervir.
É, por isso, de cabal importância que tenhamos psicólogos experientes na recolha de informação de vítimas de abuso sexual (que é diferente no adulto e na faixa infanto-juvenil) na recolha de informação e formulação de perícias no campo da violência doméstica e maus tratos, entre tantos outros campos.
Deve-se assim apostar na interdisciplinaridade para que os psicólogos consigam instalar-se como uma peça fundamental quer na elaboração dos relatórios periciais, quer na capacidade de resposta aos quesitos processuais, quer na manutenção de toda a integridade da classe dos psicólogos como suporte ao sistema judicial.
Em Portugal, a adoção das novas tecnologias ao serviço dos mecanismos processuais são hoje inclusivamente aplicados no campo da denominada telepsiquiatria forense, o que elevará com certeza a necessidade de especialização dos psicólogos ao serviço da psicologia forense.
Com este número temático da Peritia (Revista Portuguesa de Psicologia) dedicado ao interface entre a criminologia e a psicologia, procurámos contribuir para o despertar de mentes e consolidar o trabalho de colegas que foram desbravando caminho no duro percurso de fundamentação e consolidação de um determinado domínio (que se quer) científico.
(…)
Este número especial foi pensado de forma especial, elaborado de forma especial, cada autor dedicou-se de forma especial e, também nós, agora que vos apresentamos esta obra, percebemos que valeu a pena termos acreditado em nós mesmos pois, se cada um dos autores acreditou em nós aceitando o convite e agraciando-nos com a sua partilha, porque não então aceitar que a psicologia pode ser colocada ao serviço da criminologia, de uma forma especial: a partir da colaboração humilde, multidisciplinar, terra a terra e sem barreiras.
A todos, um sentido bem-haja.
Professor Doutor Luis Maia
Professora Doutora Fátima Simões
Universidade da Beira Interior
Autores
Alejandra Ortega Roubaud – Carla Ferreira Lobo – Carlos Silva – Dulce Pires – Fátima Almeida – Fátima Simões – Filipa Carrola – J. Pinto da Costa – José Martins Barra da Costa – Luis Maia – M.J. Pinto da Costa – Mauro Paulino – Paulo Rodrigues – Pedro Moura – Pedro Pombo – Roberto Polanco-Carrasco – Rui Paixão – Sofia Nascimento – Soledad Carrasco Silvan