Polícia Técnico-Científica ganha equipamento inédito para análises químicas

Demorou mais de dois meses para que a
polícia soubesse a causa da morte do lutador Ryan Gracie, ocorrida em 15
de dezembro de 2007. O laudo ficou pronto dois meses depois e apontou
para uma mistura indevida de medicamentos, aliada ao consumo de droga.
O médico da vítima acabou indiciado por
homicídio culposo. Da morte do lutador à conclusão do inquérito, foi um
processo longo que poderia ter sido abreviado caso o Estado tivesse um
equipamento especial para a identificação de substâncias. Hoje, esse
problema já não existe.
O Núcleo de Toxicologia Forense do
Instituto Médico Legal do Estado adquiriu neste mês o Randox Evidence
Biochip Away Technology. Usado para analisar amostras químicas, o
aparelho é o primeiro a ser instalado no Brasil e um dos 40 em
funcionamento no mundo.
De origem irlandesa, detecta quantidades
exatas de substâncias presentes no sangue ou na urina da vítima, no
menor tempo possível. Hoje, no Estado, é possível realizar 50 análises
em cinco horas e meia. Com o Randox, serão 330 no mesmo período, ou, uma
por minuto.
Análises simultâneas
Basicamente, o aparelho é usado para
realizar análises simultâneas da mesma amostra de urina ou de sangue,
identificando a presença de até 14 grupos distintos de drogas. Além
disso, tanto o sangue como a urina podem ser usados in natura, ou,
exatamente, da forma como foram extraídos, sem a necessidade de nenhum
outro procedimento como a diluição ou a mistura com reagente.
“É eficaz para determinar casos de
overdose em dependentes químicos, detectar presença de drogas no
organismo de motoristas envolvidos em acidentes de trânsito e para casos
em que os peritos não tenham ideia do que pode estar dentro de uma
amostra de sangue ou urina”, explica o perito do Instituto Médico Legal,
Júlio de Carvalho Bonce. “Além disso, a máquina trabalha com menor
quantidade de amostra. E por ser aparelho de triagem, afunila o leque de
possibilidades e ajuda a determinar os nossos próximos passos de uma
investigação”, completa.
O Randox ainda não está em uso. Por
enquanto, os peritos criminais estão passando por treinamentos
ministrados por técnicos da Irlanda do Norte (sede da Randox) e da sede
brasileira da empresa. A previsão é de que, a partir deste mês, o
aparelho passe a ser usado em casos cotidianos.
De acordo com superintendente da Polícia
Técnico-Científica, Celso Perioli, o investimento de R$ 580 mil inclui
toda a assistência técnica necessária, além dos reagentes usados para
análises. E irá aperfeiçoar as técnicas de trabalho da segurança pública
paulista.