Domingo, 29/01/2012, 07h55
Desabamento teve causa simples: falha estrutural
Uma estrutura incapaz de suportar o
peso de um prédio de aproximadamente 100 metros de altura, divididos em
32 andares. Essa foi a razão do desabamento do edifício Real Class
segundo o laudo do Centro de Perícias Técnicas Renato Chaves. Quando
prédio veio abaixo há exato um ano, muitas pessoas se perguntaram o que
poderia ter causado a tragédia, que matou três pessoas (dois operários e
uma idosa, vizinha da obra) e deixou outras duas feridas.
Falava-se em desconsideração da força do vento, pois na hora tinha início uma forte chuva. Outros questionavam a fundação do terreno, que não seria adequada a um empreendimento deste porte. Até mesmo laudos extraoficiais como o realizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), a pedido do Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia no Pará (CREA/PA), considerou tais fatos.
Mas para os peritos técnicos que entregaram o documento final de análise do sinistro, em abril de 2011, a causa foi bem mais simples, e por isso mesmo ainda mais surpreendente: a bitola (estrutura de amarração em ferro) da construção media apenas 4,2 milímetros, ou seja, 0,8 a menos do que o necessário para o cálculo de um prédio com aquela dimensão, de 5 milímetros.
“Foi uma falha exclusivamente estrutural, sem constatação de outras irregularidades”, sintetizou Orlando Salgado, diretor geral do CPC Renato Chaves. Segundo o laudo, houve erro de concepção no modelo matemático, pois o engenheiro calculista fez o projeto considerando cada pavimento - enquanto o correto seria verificar o prédio no total.
Para a perícia criminal, as deficiências de estribos (estruturas transversais que dão resistência à edificação) nos pilares P15 e P16 ficaram claramente caracterizadas pela forma com que foram constatados no local do desabamento. “Por conta da utilização equivocada das seções, houve, inicialmente, a movimentação transversal dos dois pilares principais da obra, o P15 e o P16, que após se movimentarem sofreram colapso e se romperam”, detalhou durante a divulgação do laudo o perito criminal Dorival Pinheiro.
Outro problema apontado pelo laudo do CPC está relacionado à questão administrativa. Foi constatado que a construtora não fez a revisão do projeto estrutural do prédio antes de iniciar as obras, o que estaria desrespeitando as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O ideal é que construtora tivesse submetido o projeto à análise de outro profissional.
Durante 72 dias, seis peritos lotados no setor de Engenharia Legal do Instituto de Criminalística do CPC analisaram o caso, fazendo testes nos materiais recolhidos e na planta do prédio. A fim de dar ainda mais segurança ao resultado, diversos especialistas foram consultados durante o estudo, explica Salgado. “Contatamos pessoas das universidades, fizemos pesquisas sobre o assunto, até concluir o caso”.
Falava-se em desconsideração da força do vento, pois na hora tinha início uma forte chuva. Outros questionavam a fundação do terreno, que não seria adequada a um empreendimento deste porte. Até mesmo laudos extraoficiais como o realizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), a pedido do Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia no Pará (CREA/PA), considerou tais fatos.
Mas para os peritos técnicos que entregaram o documento final de análise do sinistro, em abril de 2011, a causa foi bem mais simples, e por isso mesmo ainda mais surpreendente: a bitola (estrutura de amarração em ferro) da construção media apenas 4,2 milímetros, ou seja, 0,8 a menos do que o necessário para o cálculo de um prédio com aquela dimensão, de 5 milímetros.
“Foi uma falha exclusivamente estrutural, sem constatação de outras irregularidades”, sintetizou Orlando Salgado, diretor geral do CPC Renato Chaves. Segundo o laudo, houve erro de concepção no modelo matemático, pois o engenheiro calculista fez o projeto considerando cada pavimento - enquanto o correto seria verificar o prédio no total.
Para a perícia criminal, as deficiências de estribos (estruturas transversais que dão resistência à edificação) nos pilares P15 e P16 ficaram claramente caracterizadas pela forma com que foram constatados no local do desabamento. “Por conta da utilização equivocada das seções, houve, inicialmente, a movimentação transversal dos dois pilares principais da obra, o P15 e o P16, que após se movimentarem sofreram colapso e se romperam”, detalhou durante a divulgação do laudo o perito criminal Dorival Pinheiro.
Outro problema apontado pelo laudo do CPC está relacionado à questão administrativa. Foi constatado que a construtora não fez a revisão do projeto estrutural do prédio antes de iniciar as obras, o que estaria desrespeitando as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O ideal é que construtora tivesse submetido o projeto à análise de outro profissional.
Durante 72 dias, seis peritos lotados no setor de Engenharia Legal do Instituto de Criminalística do CPC analisaram o caso, fazendo testes nos materiais recolhidos e na planta do prédio. A fim de dar ainda mais segurança ao resultado, diversos especialistas foram consultados durante o estudo, explica Salgado. “Contatamos pessoas das universidades, fizemos pesquisas sobre o assunto, até concluir o caso”.
PONTOS OCULTOS
Mais detalhes, contudo, ainda são desconhecidos, uma vez que os processos que ainda correm nas justiças trabalhista, civil e criminal impedem a divulgação, na íntegra, do laudo. “Não podemos comprometer o órgão e os peritos sem que sejam encerrados os embates judiciais”, frisou o diretor do centro.
Como os erros foram decorrência de falhas nos cálculos da obra, o engenheiro responsável pelo projeto, Raimundo Lobato, foi indiciado por homicídio culposo e lesão corporal culposa.
Mais detalhes, contudo, ainda são desconhecidos, uma vez que os processos que ainda correm nas justiças trabalhista, civil e criminal impedem a divulgação, na íntegra, do laudo. “Não podemos comprometer o órgão e os peritos sem que sejam encerrados os embates judiciais”, frisou o diretor do centro.
Como os erros foram decorrência de falhas nos cálculos da obra, o engenheiro responsável pelo projeto, Raimundo Lobato, foi indiciado por homicídio culposo e lesão corporal culposa.
A Perícia
No dia 03 de fevereiro, quando os corpos de todas as vítimas já haviam sido resgatados, CPCRC assumiu o controle do local, fiscalizando a retirada dos escombros. Neste momento já eram fotografadas a disposição das peças arruinadas, os locais que apresentavam as peças mais íntegras e demais detalhes importantes para a investigação. No decorrer dos trabalhos, foram realizadas aproximadamente vinte perícias de danos em casas e em cinco prédios residenciais localizados no entorno do sinistro. A etapa mais demorada foi a retirada dos escombros para que os peritos verificassem a conformação dos pilares restantes, bem como a integridade da laje do subsolo. A equipe de peritos se dividiu entre trabalho no campo, local de crime, e no escritório, analisando os documentos e projetos, apreendidos na sede da empresa Real Engenharia. No dia 15 de abril de 2011, foi apresentado oficialmente o laudo da perícia técnica. (Diário do Pará)
No dia 03 de fevereiro, quando os corpos de todas as vítimas já haviam sido resgatados, CPCRC assumiu o controle do local, fiscalizando a retirada dos escombros. Neste momento já eram fotografadas a disposição das peças arruinadas, os locais que apresentavam as peças mais íntegras e demais detalhes importantes para a investigação. No decorrer dos trabalhos, foram realizadas aproximadamente vinte perícias de danos em casas e em cinco prédios residenciais localizados no entorno do sinistro. A etapa mais demorada foi a retirada dos escombros para que os peritos verificassem a conformação dos pilares restantes, bem como a integridade da laje do subsolo. A equipe de peritos se dividiu entre trabalho no campo, local de crime, e no escritório, analisando os documentos e projetos, apreendidos na sede da empresa Real Engenharia. No dia 15 de abril de 2011, foi apresentado oficialmente o laudo da perícia técnica. (Diário do Pará)