Por Luigi Jorio, Lausanne, swissinfo.ch
O Instituto de Polícia Científica da Universidade de Lausanne (oeste), criado há um século, foi a primeira escola acadêmica de ciência forense do mundo e uma das raras na Europa.
Os indícios deixados no local do crime fazem parte do trabalho cotidiano de seu diretor, Pierre Margot.
A impressão digital é utilizada como instrumento de investigação desde o século 19. (Keystone)
Pierre Margot, 61 anos, é considerado um dos maiores especialistas mundiais da impressão digital. Sua competência foi reconhecida pela Academia Americana de Ciência Forense, que lhe atribuiu a medalha Douglas M. Lucas 2011, a “distinção mais prestigiosa em ciência forense”, segundo um comunicado da Universidade de Lausanne.
“O delito perfeito não existe”, afirma Pierre Margot, em seu escritório. “Mas a investigação perfeita existe”, acrescenta, com um sorriso.
“O delito perfeito não existe”, afirma Pierre Margot, em seu escritório. “Mas a investigação perfeita existe”, acrescenta, com um sorriso.
swissinfo.ch: Quais são as técnicas para recolher e identificar a impressão digital?
P. M.: Existem diversos métodos, físicos ou químicos e a escolha depende do tipo de superfície e da história do suspeito que deixou os traços. A metodologia tradicional consiste em espalhar na impressão um pó especial.
Podemos também envolver uma impressão com água provocando uma suspensão capaz de tirar a gordura deixada na impressão. Essa é uma técnica desenvolvida na Austrália que permitiu, entre outros, identificar os autores do atentado ao Rainbow Warrior nos anos 1980. Descobriu-se então que agentes tinham colocado uma bomba no navio do Greenpeace.
Podemos ainda utilizar a luz para destacar os aminoácidos segregados pelo suposto criminoso. Nosso instituto foi o primeiro a elaborar a técnica baseada na reação anticorpo-antigênico.
Podemos também envolver uma impressão com água provocando uma suspensão capaz de tirar a gordura deixada na impressão. Essa é uma técnica desenvolvida na Austrália que permitiu, entre outros, identificar os autores do atentado ao Rainbow Warrior nos anos 1980. Descobriu-se então que agentes tinham colocado uma bomba no navio do Greenpeace.
Podemos ainda utilizar a luz para destacar os aminoácidos segregados pelo suposto criminoso. Nosso instituto foi o primeiro a elaborar a técnica baseada na reação anticorpo-antigênico.
swissinfo.ch: A impressão digital é infalível ou tem uma margem de erro?
P. M.: O traço deixado é uma representação do desenho da ponta do dedo. Quanto maior a qualidade do traço, menor é a margem de erro. Mas o erro não está no traço, mas na interpretação. Vimos isso depois dos atentados de Madri, em 2004: sobre uma bomba que não explodiu foram encontradas impressões digitais. O FBI consultou seu banco de dados e chegou a um advogado de Oregon. Duas semanas depois, eles se deram conta do erro colossal.
Pierre Margot, diretor do Instituto de polícia científica de Lausanne (unil.ch)
swissinfo.ch: De que modo a introdução dos testes de DNA, dez anos atrás, mudou seu trabalho?
P. M.: O DNA é um método novo para identificar a fonte de um traço. É uma espécie de revolução porque, teoricamente, basta uma célula para chegar a uma identificação. Isso permitiu relacionar casos que inicialmente não havíamos feito obrigatoriamente. O aspecto negativo é que em diversos países a procura de outros indícios foi colocada de lado. O DNA é uma prova muito interessante, mas sozinha não é suficiente.
swissinfo.ch: Estou no seu escritório há quase uma hora. Que indícios vou deixar de minha passagem?
P. M.: Na sua cadeira certamente ficam migalhas de fibra de tecido, células epidérmicas, algum pelo e traços de saliva. De mim, pode-se encontrar pó de minha mesa e traços de um aperto de mão. Seria difícil convencer um juiz que você não colocou os pés aqui !
Luigi Jorio, Lausanne, swissinfo.ch
Adaptação: Claudinê Gonçalves
Adaptação: Claudinê Gonçalves